Amanhã comemoro 38 anos de vida, e que vida. Tenho-a sentido na pele com todas as forças. 

Eu sempre gostei de fazer anos. Sempre gostei que se lembrassem ainda mais de mim nesse dia. Sempre gostei que me cantassem os parabéns, e de ver a minha família reunida.

Eu adoro fazer anos em novembro e no frio, porque eu gosto do frio (sim, o outono/inverno são as minhas estações preferidas).

O meu trigésimo sétimo ano de vida foi absolutamente alucinante e cheio de mudanças.

Foi um ano de muita luta interior, onde eu fui ao mais fundo de mim. 

Eu mudei de casa e fui viver com o Pedro e chorei muito com saudades da minha família. Mudei de psicólogo, de ginecologista e até de cabeleireira. Eu engordei muito e descobri o nome pelo aquilo que passei durante 25 anos da minha vida, e aí fui-me muito abaixo e procurei na comida o meu conforto e, muitas vezes foi a minha salvação (e ainda o é).

Caíu-me muito cabelo e isso ainda interferiu mais na minha auto-estima. Vi-me perdida e o Pedro foi a minha bússula. Tomei decisões e vejo um sonho, aos poucos, tornar-se realidade. Houveram pessoas que me magoaram com as suas atitudes, mas recuperei outras que se ausentaram da minha vida. Jantei muitas vezes fora. Passei uns dias pelo Alentejo e por Lisboa. Ainda não gosto de me ver ao espelho, nem que me tirem fotografias. Morreu a minha gatinha e chorei de saudades. Demorei a sentir que a casa que divido com o Pedro, era minha também. Zanguei-me no trabalho. Senti-me posta de parte devido à minha categoria (profissionalmente falando).

E hoje, para além de ser o meu último dia na casa dos 37, é também o meu último dia de trabalho dos próximos meses.

Vou ser operada para a colocação de um prótese total da anca esquerda, e seguir-se-ão meses de recuperação.

A vida segue, e eu vou com ela.